quinta-feira, 5 de maio de 2011

JORNAL DA AMAZÔNIA:Casas inclinadas podem cair


Construções de madeira na Sacramenta foram atingidas por Trepidação de máquinas, segundo moradores
A comerciária Maria das Graças Borges de Freitas, de 54 anos, teme pelo desabamento da casa de madeira, de dois pavimentos, onde ela mora com a família há mais de 20 anos, na Sacramenta. Sustentada por três peças de madeira e com uma inclinação de mais de 20 graus, a casa oferece risco, mas a família diz não ter condições de reconstruir o imóvel e nem tem para onde se mudar.
Na passagem Santa Catarina, cujo limite é o canal da Pirajás, no mesmo bairro, outras seis casas apresentam inclinações acentuadas. Os moradores atribuem a situação à trepidação do solo provocada pelas máquinas pesadas que drenaram o canal da Pirajá e ao terreno alagadiço. As obras no canal terminaram há mais de dez anos.
"Se não caiu ainda, não vai ser agora que vai cair", afirma Elias Dias, dono de outra casa na passagem Santa Catarina, que também inclinou com a trepidação do solo. Para garantir, Elias refez a estrutura de sustentação do imóvel, adicionando novas bases de madeira. "A maioria das casas aqui sofreu um abalo quando essa obra aconteceu. O gerente da obra disse na época que vinha uma equipe aqui resolver os problemas, mas nunca veio. Já foram dez anos", conta Elias.
Na casa de Maria das Graças Borges, a que possui a inclinação mais acentuada, na esquina da passagem Santa Catarina com a travessa Pirajá, as paredes também foram reforçadas com madeira. Três pernas-mancas fincadas no solo garantem a estabilidade da estrutura, mantendo a casa de pé. Dentro do imóvel, todo construído em madeira, a sensação é a de que se está sendo empurrado contra uma das paredes.
"Quando inclinou, nós calçamos a casa para não cair", lembra Maria das Graças. Meses depois, ainda durante as trepidações, a casa estalou. "Nós saímos, mas depois voltamos. Para onde ir, ninguém tem", conta a vendedora.
O filho dela, Dorinaldo Borges de Freitas, de 30 anos, que divide com as mães a despesa da casa, perdeu o emprego de ajudante de pedreiro e diz que não tem perspectivas de ter possibilidade de refazer o imóvel. "Hoje moram seis pessoas aqui. A gente está juntando a madeira para construir do lado. Dá pra fazer, mas ainda não tem o material", diz Dorinaldo, também temeroso pelos riscos de um desabamento.
Na Tamandaré - O caso mais conhecido de casa torta que se mantém de pé é o da residência de número 462 da avenida Almirante Tamandaré, na Cidade Velha. O imóvel, construído em dois pavimentos, perdeu a sustentação por conta de um erro na construção e adernou para um dos lados até se acomodar sobre o próprio peso. Do jeito que está, a casa se mantém há pelo menos 20 anos.
O atual proprietário, o militar aposentado Horácio Pereira, dono de outros imóveis no mesmo quarteirão, diz não temer um desabamento. "A casa se estabilizou, está com a mesma inclinação há mais de 20 anos. Se tivesse algum risco, eu não deixaria a minha filha morar aí", diz Horácio. Hoje, seis pessoas moram na casa torta da Tamandaré.
Para corrigir a falha - e colocar a casa no lugar - seria necessário gastar R$ 40 mil, diz o proprietário, custo que justifica a intenção de demolir o imóvel e construir outro. "Em seis meses essa casa já não vai mais existir aí. Vai ser demolida", garante o proprietário.

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